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Capital tradutológico e a defesa da língua mirandesa

Autores

Tipología
Actas de congreso
Título del volumen

Ecolinguismo e línguas minoritárias: colóquio internacional sobre ecolinguismo e línguas minoritárias: uma homenagem a Amadeu Ferreira

Editores del volumen

Gómez Bautista, Alberto; Moutinho, Lurdes de Castro; Coimbra, Rosa Lídia (coords.)

Localidad
Aveiro
Editorial
UA Editora - Universidade de Aveiro
Año
2017
Páginas
183-222
ISBN
978-972-789-496-3
Sinopsis de contenido

[Resumen extraído de la fuente original]

As línguas minoritárias enfrentam barreiras internas e externas que impedem o seu desenvolvimento, devido à sua natureza de línguas e culturas não dominantes e à sua fraca representação (e representatividade) na política e na sociedade. A tradução de literatura canónica da cultura ou religião dominantes para a língua minoritária é de importância fulcral para a afirmação destas línguas, assim como para o acesso aos mais diversos meios de comunicação. A Catalunha surge como um exemplo de forte investimento na função destes meios e na utilização do catalão na rádio, televisão, teatro e cinema, a par da tradução que ocorre nestes meios (i.e. legendagem, dobragem e audiodescrição). Para além disso, não se deve negligenciar o peso da ciberesfera, que possibilita às línguas minoritárias entrarem no mundo virtual, por meio de blogs, páginas da Wikipedia, redes sociais e afins. Em 1999, estabeleceu-se legalmente o reconhecimento oficial dos direitos linguísticos da comunidade mirandesa, aproximadamente 100 anos depois de Leite de Vasconcellos ter produzido a obra Estudos de Filologia Mirandesa, evidenciando a ancestralidade e importância desta língua de origem asturo-leonesa. (cf. Vasconcelos, José Leite, 1900-1901). Depois desta data, o enquadramento legal para o mirandês e a sua normalização linguística foram estabelecidos, nomeadamente por meio do seu acordo ortográfico, que consolidou o ensino da língua. Quinze anos depois, em 2014, a Associação de Língua Mirandesa (ALM) foi refundada e transferida de Lisboa para Miranda do Douro, com o propósito de fomentar a investigação e o ensino da língua, assim como recolher e preservar o património imaterial, no qual a tradução não está diretamente implicada. Desta forma, na nossa perspetiva, ainda se vislumbra a necessidade de introduzir uma forte política linguística, dentro da qual um Departamento de Tradução possa estar inserido, com vista à revitalização da língua e à consolidação da sua literatura. Identifica-se também a ausência de um corpo de tradutores profissionais que sejam simultaneamente proficientes em português e em mirandês, uma vez que o ensino do mirandês se restringe grandemente a Miranda do Douro e como disciplina optativa. No entanto, a tradução de português e outras línguas estrangeiras para mirandês é desenvolvida por uma elite intelectual que investe nesta atividade aliada, por vezes, à produção também em mirandês. Este é o caso de Amadeu Ferreira, um académico de destaque que deixou de estar entre nós em março de 2015 e foi responsável por um número substancial de obras. O seu percurso é de particular relevância, não só porque o mirandês acusava a ausência de literatura canónica traduzida, na linha do que existe em português, mas também de literatura ficcional, sem deixar de referir obras de referência em termos lexicográficos e gramaticais. No cômputo das suas obras, são de referir a tradução para mirandês dos “Quatro Evangelhos”, “Lusíadas” de Luís Vaz de Camões e “A Mensagem” de Fernando Pessoa, obras de Horácio, Virgílio e Catulo e aventuras de Astérix. A par da tradução, escreveu igualmente ficção sob pseudónimos, que possibilitaram a expansão do património literário em mirandês. Colaborou ainda com meios de comunicação social regionais e escreveu textos em diversos blogs. Neste contexto, o nosso projeto direciona-se para a recolha de informação relativa a todas as obras traduzidas para mirandês, destacando as línguas das quais foram traduzidas, os tradutores que as realizaram e os seus perfis. Este exercício permitir-nos-á refletir criticamente sobre as obras que foram eleitas para tradução, as razões que possivelmente ditaram esta escolha e o impacto que estas produziram nesta comunidade linguística com aproximadamente 10 000 falantes. Todo este esforço de tradução e produção literária tem adiado o desaparecimento do mirandês, que tantos previam que já se tivesse verificado; mas será o mirandês capaz de sobreviver no século XXI? Palavras-chave: Línguas minoritárias; política linguística; mirandês; tradução de literatura canónica; tradução para línguas minoritárias; Amadeu Ferreira.

Minority languages encounter internal and external barriers that hinder their development, due to their nature of non-dominant languages and cultures and their feeble representation in politics and in society. The translation of canonical literature of the mainstream culture or religion into the minority languages is of the utmost importance in asserting these languages, as well as in having access to various means of communication. Catalonia appears as an example of strong investment in the role of these media and in the use of Catalan in the radio, television, theatre and cinema, along with the translation that takes place in these contexts (i.e. subtitling, dubbing and audio description). Apart from this, we can not overlook the part played by the cyber sphere, which enables minority languages to enter the virtual world, through blogs, Wikipedia pages, social networks, and the like. It was only in 1999 that Mirandese was acknowledged as one of the official languages in Portugal, alongside Portuguese and Portuguese Sign Language, approximately 100 years after being “discovered” by Leite de Vasconcellos, the Portuguese philologist who related Mirandese to its Asturo-Leonese origin. After 1999, the legal framework and language standardisation for Mirandese were set up, namely by means of a spelling convention allowing for the consolidation of the teaching of this language. Fifteen years later, the Association for Mirandese Language and Culture was refounded and transferred from Lisbon to Miranda with the purpose of encouraging research and language teaching, as well as collecting and preserving immaterial heritage, in which translation is not directly implied. Therefore, from our viewpoint, there is still the need to introduce a strong language policy, in which a Translation Department could be included with a view to revitalising the language and consolidating its literature. A body of translators is also absent from this context, translators that are simultaneously proficient in Portuguese and Mirandese, since the teaching of Mirandese is still greatly restricted to Miranda do Douro and is offered as an optional subject. However, the translation from Portuguese and other foreign languages into Mirandese has been developed by an intellectual elite who invests in this activity, occasionally in tandem with the production in Mirandese. This was the case of Amadeu Ferreira, an outstanding scholar who passed away in March 2015 and was responsible for a considerable number of works. Amadeu is particularly relevant not only because mirandese lacked translated canonical literature, in line with what existed in Portuguese, but also fictional literature, without neglecting lexicographical and grammatical reference works. Among his works, we should mention the translation into Mirandese of “The Four Gospels”, “The Lusiads” by Luís Vaz de Camões and “The Message” by Fernando Pessoa, works by Horace, Virgil and Catullus and the adventures of Astérix. Besides translation, he also wrote fiction under several pseudonyms, which enabled the expansion of Mirandese literary heritage. Amadeu Ferreira also collaborated with local social media and produced texts in numerous blogs. Our project aims at gathering information about all the works that have been translated into Mirandese, highlighting the languages from which they were translated, the translators who carried them out, and their profiles. This exercise will allow us to critically reflect upon the works that were selected to be translated, the possible underlying reasons for this choice and the impact that these had on the language community with circa 10,000 speakers. All this translation and literary effort has been postponing the disappearance of Mirandese, which has been foreseen by so many, but will Mirandese be able to survive the 21st century? Keywords: Minority languages; language policy; Mirandese; translation of canonical literature; translation into minority languages; Amadeu Ferreira.

Notas

Colóquio Internacional sobre Ecolinguismo e Línguas Minoritárias. Uma homenagem a Amadeu Ferreira (15 e 16 de junho de 2016 - Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro / 17 e 18 de junho de 2016 - II Jornadas de Língua e Cultura Mirandesas, Miranda do Douro).

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Última modificación
02/08/2019 - 14:23