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Monumentos megalíticos da bacia hidrográfica do rio Sever (Marvão, Castelo de Vide, Nisa, Valência de Alcântara, Herrera de Alcântara e Cedillo)

Tipología
Tesis
Universidad
Universidade de Évora
Año de finalización
1995
Año
1997
Páginas
3 vols.
Sinopsis de contenido

[Resumo extraído da fonte]

Criados na meia encosta granítica da Serra de S.Mamede, nas terras da safra, desde sempre convivemos de perto com os eternamente misteriosos monumentos megalíticos. Tradições hoje quase esquecidas levavam bandos de crianças e jovens da nossa aldeia (1), geralmente depois da escola, a aventurarem-se por entre as giestas e Ganchos (2) procurando novos espaços de aventura e sonho. Os castelos imaginários dos que contra o de Marvão combateram eram a nossa constante busca. Para as bandas do rio, lá para os lados da Espanha, diziam os mais velhos, se bem procurássemos encontraríamos as mourarias. Não sabíamos o que procurávamos mas um dia descobrimos que por ali tinham andado gentes de outras eras. Havia lapões repletos de cacos, havia restos de cabanas e havia as mais misteriosas casas que alguma vez víramos. Construídas só com grandes pedras, para elas se entrava rastejando. Tínhamos descoberto uma outra dimensão lúdica. Enquanto uns se aventuravam por entre as grandes lapas dos Vidais, algumas parcialmente obstruidas, outros procuravam mais antas. Machados de pedra, ou pedras de raio, como alguns ainda teimavam em chamar-lhes, encontravam-se por toda a parte. As pontas de seta, mais raras, eram o nosso encanto. Os cacos, porque eram tantos, não nos interessavam. Uma colecção de materiais, essencialmente líticos, começa-se então a constituir, dando origem a um pequeno museu na aldeia. Enquanto para alguns a aventura da descoberta se ia esgotando, outros procurávamos, então, compreender e agrupar, unicamente por, intuição, o que à superficie íamos recolhendo, porque na região não havia bibliotecas nem quem nos pudesse esclarecer. A notícia destas aventureiras investigações rapidamente se espalhou.Os contactos com outros investigadores foram-se sucedendo. Numa tarde chuvosa dos primeiros anos da década de setenta, batia à nossa porta um casal de alemães querendo conhecer as novas descobertas. Numa aberta fomos até aos Vidais. Dentro da anta da Laje dos Frades, enquanto esperámos que deixasse de chover, explicavam-me, por fim, num português que com dificuldade entendi, de que época eram e qual a função das antas. Já em casa, saboreando um naco de pão com presunto acompanhado pelo vinho da região, continuaram a falar-me sobre as grandes questões que em torno do megalitismo se colocam. Alertando-nos sempre para a destruição que as escavações por norma provocam, a Dra. Philine Kalb e o Dr. Martin Hock despertaram-nos, então, para o estudo dos monumentos megalíticos daquela região. Lançavam-se, assim, quando ainda aluno do Liceu de Portalegre, as sementes desta investigação. Mais tarde, já na Faculdade de Letras de Lisboa, o Professor Vitor Gonçalves, propunha-nos, nessa altura, o estudo dos monumentos megalíticos do Concelho de Marvão, iniciando-se, deste modo, o presente trabalho. Estudar os monumentos megalíticos existentes no interior da bacia hidrográfica do Rio Sever foi o nosso objectivo. Esta região fronteiriça, bem demarcada naturalmente, rica de contrastes ambientais, destaca-se, quer das a peneplanícies alentejana e extremem, quer das serranias da Beira Baixa e da sub-meseta espanhola. Na Serra de S. Mamede onde o Sever nasce e cuja falda norte percorre até desaguar no Tejo, esbate-se o tórrido e monótono Alentejo e dilui-se a enrugada Meseta. Esta terra de contrastes onde o amarelo das searas se funde com o verde das florestas e o clima mediterrânico é interrompido, em altitude pelo atlântico, propiciou condições excepcionais à fixação humana. Após um longo e exaustivo, mas sempre actualizável trabalho de campo, ainda que apoiados nos estudos sectoriais já realizados, quer para a margem portuguesa, quer para a espanhola, foi possível alargara toda a bacia do Sever, aos festos envolventes e às encostas delimitadores a inventariação dos monumentos megalíticos. Compreendê-los na paisagem onde se inserem, ainda que provavelmente diferente da que presenciou a sua construção, foi ainda nossa intenção. Drena o Sever regiões geomorfológicas distintas. A sul a arborizada Serra. A norte os terrenos mais planos que se estendem até bordejar o Tejo. A meia encosta, na orla da floresta, erguem-se as grandes e ricas antas de granito. A norte e bem afastadas destas, junto ao Tejo, descobrem-se as pequenas câmaras de xisto. Isolam-se, assim, dois espaços com manifestações arquitectónicas distintas. Compreendê-los e justificá-los foi também nosso objectivo. Identificar rituais funerários, isolar estratigrafias, conhecer as técnicas e formas de construção, recolher amostras datáveis, comparar espólios e proceder à recuperação arquitectónica de diversos monumentos, obrigou-nos a escavar ou a sondar várias antas e menires, cujos resultados, somados aos já anteriormente disponíveis, sobretudo para a margem espanhola, neste estudo se apresentam. É, em suma, objectivo deste trabalho procurar compreender os ambientes económicos e sociais que propiciaram as diferentes manifestações megalíticas identificadas no interior da bacia do rio Sever. Uma perspectiva monográfica presidiu à organização deste estudo, procurando-se, sempre que possível, compreender os monumentos megalíticos no contexto geográfico onde se inserem. Complementam este estudo mais dois volumes anexos. Num apresentam-se em desenho, descrevem-se e localizam-se tridimensionalmente, sempre que para isso tínhamos informação, todos os materiais inéditos provenientes de monumentos da área em estudo. Noutro volume reuniram-se as fichas descritivas dos monumentos que serviram de suporte ao presente trabalho.

Notas

Tese de doutoramento em História.

Lengua
Última modificación
10/06/2021 - 22:11