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A formação das nações e o nacionalismo: os paradigmas explicativos e o caso português

Autores

Tipología
Artículo de revista
Título de la revista

Análise Social

Año
2003
Volumen
XXXVII
Número
165
Páginas
1093-1126
Sinopsis de contenido

[Resumo extraido da fonte]

As manifestações espectaculares na actualidade de movimentos nacionalistas em todos os continentes — pois são essas, e não a identidade nacional inscrita na naturalidade e na cidadania, o que atrai as atenções — têm sido interpretadas de modo distinto. Enquanto há quem veja (Hechter, 2000, p. 3),  por exemplo, no desenvolvimento actual das comunicações digitais a possibilidade de reunir recursos e fortalecer a acção colectiva, levando ao incremento do nacionalismo, outros, como Hobsbawm (1994, pp. 181-192), pensam que virá a suceder o contrário. O impacto do que designamos por globalização, em particular no que se refere ao enfraquecimento das «economias nacionais» e do Estado soberano face ao fortalecimento de entidades económicas e políticas transnacionais, assinalaria a chegada do seu crepúsculo — não obstante a sua importância no presente — num mundo em grande medida supranacional e infranacional. Todavia, este crepúsculo é negado por um teórico da globalização, Manuel Castells, para quem as nações e o nacionalismo permanecem como uma fonte de sentido para a vida social na «era da informação» (Castells, 1997, pp. 51-52), ou por quem vê precisamente no advento de uma sociedade mais globalizada e no enfraquecimento da soberania do Estado um aumento das possibilidades de desenvolvimento de aspirações nacionais — em Estados multinacionais — que ganhariam em visibilidade e teriam mais facilidade em se exprimirem (Guibernau, 2001). Sejam quais forem, porém, as especulações a este respeito, a importância política e social das questões relativas aos sentimentos e movimentos nacionais é indiscutível. A relevância do tema levou ao desenvolvimento de um amplo corpus de pesquisa, em particular desde o período posterior à guerra de 1914-1918 e a ascensão de nacionalismos autoritários. A bibliografia conheceu um grande incremento nas três últimas décadas, coincidindo, em boa medida, com a descolonização e as alterações políticas subsequentes na Europa, na África e na Ásia e, finalmente, com a dissolução da URSS e suas implicações. Não se pode, no trabalho presente, dar sequer uma imagem ténue da diversidade das interpretações da problemática nacional. Por isso, limito-me a colocar em confronto dois tipos de escritos sobre o nacionalismo e o fenómeno nacional: teorias gerais, por um lado, análises de um caso específico, por outro. Procederei de modo necessariamente selectivo, conquanto não arbitrário. As teorias — ou interpretações de alcance mais geral — de que aqui falo são, se não a totalidade das mais influentes, pelo menos das mais influentes entre os estudiosos destes temas. Restringi a sua exposição, por condicionantes óbvias de espaço, a formulações recentes. Quanto ao caso de que trato — a problemática da formação das nações, o nacionalismo e a «identidade nacional» no contexto português —, é certamente dos menos estudados, por razões que se prendem com o desconhecimento da língua por parte de especialistas estrangeiros e com a pouca atracção pelo tema entre os investigadores das ciências sociais em Portugal.

Lengua
Área geográfica
Última modificación
04/02/2022 - 09:27