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Esboços da vida rural no concelho de Elvas

Autores

Tipología
Artículo de revista
Título de la revista

Revista Lusitana

Año
1939
Volumen
XXXVII
Páginas
144-152
Sinopsis de contenido

[Resumo extraido da fonte] 

A Aldeia nas vésperas do S. João, logo que por volta do meio-dia, vê chegar os ranchos das ceifas, e lhe parece que o astro rei desceu à Terra, fecha-se a sete chaves, encosta os portigos, e recolhe-se. A familia e os vivos desaparecem. O chilrear da passarada  escodida nos sombrachos, são gritos de angustia e sofrimento. As casa mais agachadas do que nunca, mais unidas e mesquinhas, têm um tudo-nada de habitações primitivas, e, na sua alvura rutilante, o que quer que seja enternecedor e de imaterial. As cortinas de panos variados, caem dos postigos em expressões humildes, e lá dentro ouve-se o ressonar tranqüilo, sadio, dessas mocidades heróicas e exuberantes que, de carnes acobreadas pelo Sol, e pelos rescaldos dos restolhos e caminhos, em lagos de suor barrebto, e descruidoso desalinho, dormem veladas pelas mãis, refazendo-se daquela manhã de ceifa, que foi um interminável dia de tragédia. É a hora consagrada de descanso que a batalha das ceifas impôs, que esse drama repetido todos os anos ajustou à intensa vida da campinha como imperiosa lei de conservação. Não corre bafo de vento, e no arvoredo dos quintais, em quietude resignada e mêsquinha, ouve-se o chiar das cega-regas acossadas pela calma, prenúncio de que o fogo do Sol cai em alucinações sobre o povoado. Os longes com os reverberos de luz e de fogo iludem a visão, não deixando perceber que névoa é aquela que tapa a tarja azul do horizonte, e o atira para mais além, o dilata para outro mundo. 

Lengua
Área geográfica
Última modificación
08/03/2022 - 10:21