urn:nl-mpi-tools-elan-eaf:670db090-ab4b-4028-9d2a-129ed05cf61e
281
No campo imagino que tinham umas | um calendário -não?- ao longo do ano havia uma série de trabalhos que... tinham que ir fazendo [TranscrDuvidosa].
[Assent]
[Assent]
[Riso]
[Riso]
E co- | quai-, quais eram as, [Emissão] as ferramentas habituais no trabalho do campo?
[Assent]
Essa é a...
Como é, como é o encinho?
[...] marcar o limite do | de uma | de um terreno e o do vizinho, que | como | ?
E como colocavam isso?
Como, como... ?
[Assent]
[Assent]
E havia, havia às vezes conflito porque as pessoas moviam... ?
[Riso]
[Riso]
Ah, foi?
[Um] terreno, quando... não se lavra, como, como chamam?
Ficou de relva, [Assent]
Então is- | apenas para os animais, para o gado e isso.
[Assent] Para pastagem.
Está bom.
Então vamos ver agora algumas... algumas frutas.
Nem todas... [Emissão] se dão por aqui, mas |
[Emissão]
E a árvore das maçãs... ?
[Assent]
[Riso] É.
E o, o... |
Não há nada disso.
No i-, no inverno é frio, não é?
[Assent]
Então não se dá.
Pois é.
[Riso]
E... o, o que, o que tem dentro a cereija, que não se |
É o caroço.
Mas, se for de uma uva, por exemplo?
É a grainha, já é diferente.
E se for... por exemplo, de uma melancia, de um melão?
Pevides.
Cada um tem, tem a sua palavra.
Está, está, está bom.
E a vaca está comendo ai o que?
Erva, [Assent].
E uma coisa que cresce... -aqui não tem, mas | ah, tem um pouquinho aqui- nas pedras, onde tem humidade e utilizamos para os presépios e isso...
Musgo.
Pronto.
E outros que crescem |
[Riso]
Há... tradições que ainda se conservam.
Estes aqui?
É.
E como chamam?
Cogumelos.
[Riso]
Há uma |
Tartulhos.
Para, para apanhar?
[Riso]
Tem que saber para, para não pe-, pegar os, os, os que são venenosos.
[Riso]
Eu não gosto muito também não.
Não.
Quando, quando tem uma árvore e corta uma galha e coloca na outra, noutra árvore, como chamam a isso, que faz assim um [Emissão]?
Enxertar, enxertar, está bom.
E que, que, que, que nomes de plantas que crescem assim... no campo ou se | [Emissão] como | que nomes conhecem, tipo... que crescem assim no caminho, que não são semeadas?
[Assent]
[Assent]
[Assent]
[Assent]
E ajuda para, para pegar lume.
[Assent]
Pronto.
E aqui costumavam fazer vinho?
Como era, como era o processo todo?
[Assent]
[Assent]
É.
Claro, [Riso].
E depois aproveitavam o bagaço para fazer... ?
E como é que faziam a aguardente?
[Assent]
[Riso]
[Riso]
[Riso]
[Riso]
[Riso]
Está bom.
E a... a farinha, por exemplo, como, como é que faziam a farinha?
[Assent]
[Assent]
E como pagavam ao, ao... ao moleiro?
[Assent]
É, que era como uma, uma parte, não é?
[Riso] Assim... [Riso]
Entendo, entendo, [Riso].
O que estava mais esperto ganhava mais, não é?
Está bom.
Então ai negociava, ah...
E como chamam a | ao | à parte de fora do pão, que é mais dura?
A parte de fora do pão, a parte mais dura, de fora, com- | qual o nome dela?
O farelo.
[Assent]
[Assent]
Está bom, então.
Pois era, era para o |
[Emissão]
[xxx] mas é | mas antes aparecia uma, uma letra de [xxx], já tínhamos que andar sempre com uma máquina às costas da | a deitar a calda.
Era.
Ainda ali está.
Para juntar o feno, para... para alisar a terra, quando se semeava.
Agora descansa tudo, está tudo a descansar.
[Emissão] É, agora... agora, por exemplo, este, este |
É como, por exemplo, aqui este troço, era de dois, era uma pedra aqui, aqui espetada [TranscrDuvidosa], outra lá ao meio e outra ao fundo, o que trabalhava o dele e outro...
Havi- | quantas, quantas vezes havia...
Já me lembro de | eu ainda era um garoto... dois cunhados, um matou o outro por causa disso.
Não foi o Tio...
Ti Marino.
Pois, um matou o |
Pois, pois o homem [xxx] não havia... guerrilha quando era assim, não... [xxx]
Ficou de relva.
Pois é, para pasto. [TranscrDuvidosa]
Maci-, macieira.
Olha, a vaca de leite, olha.
Era destas que nós aqui tínhamos.
Porque aqui nós somos a terra fria.
Isto é frio, e de verão é, e de verão é muito quente.
Aqui há pouca fruta porque não... | é o tempo que não...
Mas vem dessa | dessas terriolas mais, mais [xxx], venhem aqui a vend- | vinham a vender quando havia falta.
Agora não, agora já, já toda a gente... tem a barriguinha grande.
Caroço.
[xxx] |
Pevide.
Erva.
Esta gente nova já não sabe nada disso.
[Emissão] Ai...
É o tempo deles agora.
Cogumelos.
[Riso]
Tar-, tartulhos.
Olhe, este | os donos desta casa estão em França... agora vêm cá nesta altura que eles | quando eles arrebentam, vêm cá eles.
Para apanhar.
Nós não, nós não fazemos caso, m-, mas muita gente... | ve-se mesmo na televisão...
Enxerto, enxertar.
Bravias.
O carvalho, olhe... isto tudo que aqui está é tudo, tudo de carvalho, do campo.
Secaram, secaram-se lá porque já têm muitos anos, já não há gente [xxx].
Gi- | que só [xxx] | rebentam da terra e... como, como quase, quase [Emissão] como a palha... [xxx] está agora, está agora a fazerem arder isso e têm que ir buscar a d- | estas giestas, que são bravias... é isso.
Muito, muito, aqui muito.
Ti-... | agora já havia máquinas, deitava-se para as máquinas...
Pois, antigamente.
Vêm nos cestos de escolherem, põem-se na | [TranscrDuvidosa]
Com a máquina agora um so-, um sozinho faz tudo.
Agora, antigamente era tudo, tudo à mão.
Aguardente.
Isso era... ao lume, faziam, faziam lumes.
Despois os, os, os homens para | a vé-la, a vé-la fazer às noites iam para lá, bebiam e depois iam para a cama... [Riso]
Era.
Era o grão, o... | semeava-se na terra, nascia, crescia, deitava a espiga... as- | a curtá-lo, quando, quando não havia máquinas era tudo à mão...
E despois o, o grão, eram os moleiros, que tinham o moinho à beira da ribeira, onde a, onde a água fazia andar o... e era ai que moíam a farinha.
Depois havia os fornos para... fazerem o pão e assim.
[Emissão] Era | eles tiravam a... chamávamos-lhe a maquia.
Pois.
Uns tantos quilos de cada... | de cada cinquenta quilos, um tanto que tiravam a cada um, uns tirariam mais, outros menos, [Emissão] era, era tudo a... à má [TranscrDuvidosa].
E às vezes perdia-se mais, "Ah, o fulano faz melhor, olhe, o fulano não cobra tanto"... [xxx] que fazia a...
Como?
Farelo.
Farelo, que é o... | é | [Emissão] de ai do farelo é que é que sae | é o grão... o grão, que é a casca do grão.
E ali na | no | nos moinhos é que, que era... moído.
Vinham os donos dos moinhos a buscá-lo à casa e vinham [xxx] e tiravam a sua, a sua parte.
Deslavravam-se... torravam-se...
[Emissão]
[xxx] |
É, é.
Muito, vida dura, [Riso].
Sim.
Enxada e [θ]acho... [TranscrDuvidosa] encinho, [Riso].
[Riso] Era tudo, [Riso].
E para alisar a terra [xxx] também.
Pois era o encinho também, encinho na mesma, havia-os de madeira e havia-os de ferro... também.
Está tudo marcado isso.
A marcos, chamam-lhe a marcos.
Espetadas.
Há cômaros, [xxx] cômaros.
[xxx]
[xxx] se matavam quando [xxx].
Ah...
Ah, era tal, ah, em casa dirigíamos, quando era para sachar as bata- | semeavam-se, depois as batatas deslavravam-se, depois iam-se sachar, quando a batata era | já tinha nascido em rama e depois íamos a torrá-las, a fazer regos, depois era a rega e depois é que tirávamos.
Ainda se deitava a calda.
Ou com um cal- | [xxx] uma vassoira para achicar, que não havia máquinas.
Quem é que tinha as máquinas?
Ai... [Emissão] ai, ai, ai...
Era a vida muito puta.
Pois...
Se era para gadanhar, era uma gadanha, se era... | pois, é uma gadanha, também ainda a temos ali nós, uma gadanha.
A enxada para, para sa- | cavar e para semear, o encinho para os fenos, o... |
O encinho era de pau com uns ganchos, com uns dentes, para en- | para, para juntar o feno.
Para, para sem- | para em-... | para alisar a terra era [sic] os de ferro, o encinho de ferro, para encinhar [TranscrDuvidosa].
Era muita coisa, muito trabalho, leva... leva... |
[Emissão]
Os | há umas pedras, uns marcos, ou paredes, há uns sítios que há paredes, ou um cômaro que não se lavrava, ficava o cômaro, como por exemplo agora aqui, ou um cômaro em terra, ou uma pedra espetada aqui e ali, e para aqui é meu e para aqui é teu.
Os marcos, chamávamos-lhe [sic] os marcos.
[xxx]
[xxx]
Ti Marino, e o, o Chelo, o Chelo é que ma- | o Ti Marino matou Chelo, por causa da água de uma presa, que era um, era um... [xxx].
Ai, tantas que havia, olha, ainda agora as há.
Para pastagem.
Para pastagem.
[Emissão] Nós aqui pouca, pera... maçã, cereijas... ginjas...
Macieira.
A macieira, a cereijeira, a ginjeira, a figueira, que dá os figos.
Pronto, é, é o | aqui nas nossas terras só há essas árvores que aqui não de dão outras, aqui não temos laranjeiras nem... coisas de | não se dão.
É frio, muito frio, geia-se sic] tudo.
Mesmo a pouca fruta que aqui há, às vezes há anos que se geia [TranscrDuvidosa] toda.
O clima, que é muito frio, é o clima.
Ah, agora já vem tudo ai nas camionetes a vender às portas, já não há falta, já não há falta.
O caroço.
Então isso tem as grainhas.
É o gacho.
Pevides.
Cada um tem a sua semente.
As abóboras.
Musgo.
É o musgo.
É o musgo.
Sabem -então não sabem disto, os musgos? [TranscrDuvidosa]
Então não fazem ainda o presépio? [TranscrDuvidosa]
Lá sabem.
[Riso]
Ou tartulhos, nós [Emissão] | os tartulhos, os cogumelos, tartulhos... depende.
E vêm cá.
Quando chove.
Vêm cá a eles.
Para apanhar, é.
Sim, sim.
Anda a apanhá-los para vender, profissional.
Quais são os bons.
Olha, eles lá nos davam que até ela é ainda a nossa parente, esta rapariga, ela mos dava a mim e nem os quis, nem os quis.
Não os quis.
Até mos dava guisados, já feitos.
[xxx], é enxertar, é um enxerto.
É um enxerto.
São reboleiros, a lenha, é o reboleiro, o carvalho.
Esss-, esses madeiros é, é do campo, que nascem lá [xxx], nascem lá e criam-se, nascem.
E as giestas, giestas, que depois a, a giesta é para pichar [TranscrDuvidosa] com a lenha, para tear.
Giestas.
E nascem carrasqueiras, nascem carvalhos, lá se criam, nas terras.
As terras não são lavradas, pois nascem lá as coisas, nascem.
Para, para, para encender.
Sim, sim, pisavam-no.
Olhe, pisavam-no numa dorna de madeira, que não havia lagariças, agora já há as lagariças.
Tinha uma dorna, chamavam uma dorna de madeira, em, em, em tábuas, e com uns aros em volta, faziam aquela... | olhe, ainda cá há tantas, e depois entravam lá os homens, os garotos, os rapazes, a pisá-lo com os pés.
Agora já, mas antigamente eram assim, era assim que pisavam.
[xxx] que havia muito mais vinhas, que era quando havia o vinho e era tudo nas dornas.
Agora já têm as máquinas para o bagaço, para espremer e assim, mas antes era tudo à mão.
Deita para uma lagariça e depois deitam primeiro para a máquina e esmagam já tudo à máquina.
Pisavam-no com a | com os pés, descalçavam-se e [xxx].
Para fazer aguardente.
Olhe, numa alquitarra, que chamavam, alquitarra.
E, e poi- | depois punham lume por baixo e a alquitarra com água, e o bagaço lá e aquilo fervia, trabalhava, depois saia a aguardente por um bico... e aproveitava-se.
E assavam lá quatro batatas e uma sardinha e comiam lá e bebiam e pois... era | passavam a bo- | ali o serão. [Riso]
Olhe, já, já foi.
Então, va, o Nosso Senhor dea saúde e tudo de bom.
Ai, ai...