Povos Balsenses: sua situação geographico-physica, indicada por dous monumentos romanos recentemente descobertos na Quinta da Torre d'Ares distante seis kilometros da cidade de Tavira
[Resumo da fonte]
Não poucos escriptores modernos, propondo-se interpretar a memoria que varios geographos e historiadores antigos legaram á posteridade acêrca dos povos balsenses, entendem que em meio das ruinas da opulenta Balsa estão firmados os alicerces da cidade de Tavira; e citam para assim o comprovar o Itinerario de Antonino, o qual, não só colloca Balsa entre Ossonoba e Esuri, como designa la distancia que separava estas tres cidades romanas.
Affirman igualmente os mesmos escriptores que Ossanoba demorou na área hoje senhoreada pela aldeia de Estôi, e Essuri na em que se dilata a cidade de Ayamonte.
Nenhum autor, dos que attesram existir Tavira sobre as ruinas de Balsa, indica porém o trajecto que seguia a estrada romana entre Ossonoba e Esuri; e faltando este importante conhecimiento não sabemos como tal conclusão se possa deduzir unicamente do Itinerario de Antonino.
Para que esta conclusão, emfim, podesse apresentar-se de modo, que não suscitasse duvida, seria indispensavel determinar a verdadeira situação de Ossonoba, e principalmente a de Esuri; porque o local, que esta cidade se diz ter occupado, é sobremaneira contestavel.
Segundo as observações que este anno fizemos no sitio de Milreu, perto de Estôi, onde ainda se patenteiam as ruinas de um famoso templo de fabrica reconhecidamente romana, e um mui notavel encadeamento de alicerces mais o menos á flor da terra, correndo em maior força no sentido do Cabo de Santa María e do Rio Sêcco, outr'ora navegalvel até Ossonoba, parece-nos que o centro desta cidade devêra antes ter sido neste sitio de Milreu, do que no logar propriamente dito de Estôi.